Já está fazendo 13 anos desde que entrei na minha formatura de jornalismo com a música Future Starts Slow, de uma das minhas bandas preferidas da vida, o The Kills. Na oportunidade, lembro de alguém comentar que fazia sentido com a ocasião, apesar de eu ter escolhido meramente por ser um lançamento da banda que eu amava. Mas sim, é algo como uma versão em inglês de "você não sabe o quanto eu caminhei pra chegar até aqui", a favorita das formaturas (mas só o título, a letra da música tem nada a ver).
Lembrei dessa frase que alguém me disse sobre fazer sentido (desculpe não lembrar quem falou, se você estiver lendo, se manifeste). Talvez na época, que eu era bem mais imatura e só escolhi quando já estava com dias contados para me formar, não tenha percebido, mas hoje, começando uma nova graduação do zero, fazendo tabela pra ver em quanto tempo consigo me formar e começar esse novo futuro, putz, faz muito sentido mesmo.
E a grande sacada é que o tempo é o de menos nisso tudo. Eu é que vou ficar diferente a cada dia, a cada aula. Cada conteúdo vai me mudando um pouco e me moldando psicóloga. Eu não vou um dia acordar psicóloga (tá, tecnicamente vou, quando me formar), mas o que me tornará apta a isso é o que aconteceu nesse tempo todo.
Quando me dei conta disso, comecei a aplicar em outras áreas da vida. Principalmente as que desejamos mudanças imediatas, mas tal qual uma graduação, os aprendizados na vida também não chegam todos de uma vez para que você acorde no dia seguinte totalmente transformada.
Pensei quantas vezes já disse "nunca mais vou beber" acordando mais uma vez de ressaca. E óbvio que eu não parei depois disso. Mas hoje, com muitos anos passados, sou bem mais criteriosa com as bebidas e com as ocasiões. Normalmente consigo dosar e beber moderadamente, mesmo que ainda nem sempre. Ano passado, se acordei duas ou três vezes de ressaca foi muito, diferente de um passado em que a chegada da sexta-feira já era motivo pra beber além do nível da diversão.
A mudança para o interior também me trouxe uma idealização de uma vida totalmente sustentável. Que eu iria plantar muita coisa e comer dali, que o lixo seria praticamente zero, que faria muitos passeios pela natureza local e nos arredores. Até hoje eu não conheci as cachoeiras da minha própria cidade, mas está nos planos breves. Não tenho nem lugar pra plantar tanto quanto gostaria e nem tempo pra administrar, mas esse janeiro inteiro comemos tomates da horta e os temperos normalmente vêm dela também.
Só de estar aqui, perto da natureza e longe de um centro urbano, já se leva uma vida mais saudável. E eu que achei que ia comprar tudo novo quando me mudasse? Não queria nem trazer as panelas kkk Até hoje estamos arrumando e transformando nossa casinha no lar aconchegante que a gente quer, mas li outra frase aliviante esses dias que dizia "Home takes time" (algo como "um lar leva tempo").
Há quem mude “de um dia pro outro”. Aqueles que dizem “um dia decidi parar de fumar e nunca mais coloquei um cigarro na boca”. Que bom que a atitude foi certeira. Mas quanto tempo isso foi trabalhado na cabeça da pessoa que age assim? Como quem termina um casamento “de repente”, por definitivo, sem chance de voltar. Em quanto tempo se constrói uma decisão abrupta?
Talvez se a gente aceitar que as transformações podem acontecer devagarinho, seja dentro da gente ou no exterior, fique mais fácil valorizar o que mudou, porque tudo muda o tempo todo. Se em um dia parece pouco, em um ano é muito e talvez em uma década, irreconhecível.
Alguns futuros estou construindo devagar, outros, tenho certeza que estão se criando ao meu redor sem que eu me dê conta. Mas é assim que se começa (e termina).
Pra quem não me conhece, meu nome é Roberta Reis e eu sou a pessoa por trás do Futuro Sensível. Sou jornalista, redatora, mãe, estudante de psicologia, pessoa sensível, overthinker e trabalho com produção de conteúdo, mas já crio conteúdo para (ou passo vergonha na) internet desde que conheci o weblogger, na adolescência (e eu fui adolescente já tem mais de 20 anos).
Amo sua página no insta, suas reflexões e ver você mencionando Future Starts Slow, do The Kills, que é uma das minhas bandas favoritas, amei mais ainda 🫶🏻✨️
e é preciso muita paciência para esse construir devagar! <3